segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Era uma vez um menino que queria ser poeta

Era uma vez um menino…
Um menino sozinho e calado,
um menino conhecido por não falar,
um menino que ria, sonhava,
um menino que descontente só amava.

Era uma vez um menino,
que se sentava a olhar para o horizonte,
que se perdia a vaguear por poente,
até ao sol desaparecer,
e a noite crescer, assim, de repente.

Um menino que desde cedo escrevia,
mas ninguém entendia,
nem o próprio menino sabia explicar,
como tal vontade lhe fora parar.

Mas toda aquele desejo crescia,
crescia sem parar,
como que um furacão no meio do mar.
E a caneta corria,
mas ninguém entendia;
o menino não sabia falar…

Era uma vez um menino que queria ser poeta,
que de só e triste nada lhe faltava,
mas que não sabia tagarelar,
nem tão pouco conversar,
era um menino que entre rabiscos escrevia,
tão só que se sentia,
que só queria saber murmurar,
assim de mansinho, como que a cantar,
o que o coração lhe pesava,
quando não o ouviam vociferar.

Era uma vez um menino que sonhava ser poeta,
mas estava cansado de rimar,
era um menino que chorava por letras,
e cantava por palavras,
era um menino que nada sabia fazer,
era um menino que apenas gostava de escrever.

Um menino que se tinha esquecido como era beijar,
um menino que era cansado de doer
um menino que não queria mais se apaixonar.
Um menino que só queria era viver.

Era uma vez um menino que se tinha esquecido do mundo,
de todo o tempo que passava a pensar…
Era um menino que só queria agradar,
mas tudo o que sabia era sonhar.

Era uma vez um menino que queria ser poeta,
mas já não sabia escrever,
era um menino que não sabia se não sofrer,
que sonhava e rimava, só para se entreter.

Era um menino que queria escrever e rimar,
sorrir e cantar,
trautear rio a baixo melodias,
e correr pelo mar às correrias.
Era um menino que não sabia falar,
era um menino que queria ser poeta.